sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O Jardim De Dentro agora em e-book.

O livro de poemas e narrativas curtas O Jardim de Dentro foi publicado em 2007, em uma edição limitada. Este e-book, agora publivado em PDF - 2010, oferece ilustrações coloridas que não puderam sair na primeira edição, bem como a inclusão de poemas antes não publicados. Os poemas exploram o tema de jardim, flores, terra, meio ambiente, etc. e muitos deles foram feitos em homenagem a amigos, namoradas, musas inspiradoras, professores e familiares. Sua forma é eclética, indo do clássico ao pós-moderno; possui alto-astral elegíaco sobre a vida, o amor, as amizades. O autor tentou reunir neste trabalho o lado bom da vida, sem perder as raízes de problemáticas atuais que se podem ler nas entrelinhas do texto, sem perder a sensibilidade, pois. Inclui narrativas curtas como contos, parábolas, fábulas com a mesma temática dos poemas.

Quem leu a primeira edição gostou e expos uma crítica favorável, inclusive no meio acadêmico, assim, o autor está oferecendo o e-book como meio de divulgação de seu trabalho e este como

veículo de formação de leitores críticos, através de sua leitura acessível à maioria dos falantes fluentes da Língua Portuguesa.



O poema abaixo consta de O Jardim de Dentro:


                                                                     TERRAMADA


“...Reza por tudo e por todos, porém reza,
Principalmente, pelos bons, que são os teus,
Na verde catedral, chamada Natureza,
Única onde se pode inda falar com Deus...”


                                                                                  Oração da Noite – Emiliano Perneta, 1912.



A natureza é teu verde manto,
Água viva é teu sangue real,
Fogo e terra roxa formam o teu cabelo,
Teus olhos são flâmulas calmas.
Tua imagem, tanta vez formada
No abrigo de minha alma, amada,
Senti como se fôssemos um só;
Bebi o vinho dos teus lábios,
Terra da minha carne, pétalas puras.


Amada, te amei com amor tanto,
Que tua essência ideal,
Com saudade de eterno zelo,
(Pois sei que ainda me amas),
Tem minha alma visitada
E se sente por ti acompanhada
Até que eu desça ao pó;
Quiseste que eu fosse um sábio
Para estar à tua altura.


Por muito tempo eu calei meu canto,
Mas vou cantar este amor espiritual,
Sem receio de temê-lo,
Nem de amar-te nas camas
Das tuas terras gramadas
E de mil flores enfeitadas
Até desatar da tua relva o nó;
E teu corpo – que a chuva lave-o,
E a tua lama sangüínea torne-me alvura.




Floresce entre tuas alvas coxas
Virgens matas e florestas
Povoadas de árvores antigas
E cresce rasteira crespa vegetação
Frente à tua gruta, em cuja entrada
Há uma odorífica flor tetralabiada;
Enfeita-te toda a natureza,
Com a mesma força imprevisível
Do teu verdejante amor por mim.




As tuas madeixas de terra roxa,
Que o vento sopra da testa,
Queimam como o fogo das urtigas
E chegam a beijar o rosto do chão
Que pisas forte e descalçada
Com a força das rudes manadas,
Mas mantém tua clara leveza
No teu vestido de verde indescritível
E nos teus cabelos de carmim.




Contudo, és dócil como a mocha
E teu riso é sorriso de festa
Nas horas febris e amigas
Que alegram meus rins e meu coração
E teus olhos são duas boas risadas
Que dizem tudo, dizendo nada;
Mas eu os entendo, alteza,
São de um jade incorruptível
Dizendo-me não...e sim.


Ventos brandos a tua boca margeiam,
Como a brisa da praia o oceano,
E teus dentes são bandos pares de gaivotas
A morderem minhas cascatas de água doce
No vale do teu seio desaguadas;
Bebe-me com volúpia, Terramada!
Que tributário eu me entrego
À tua fúria devastadora
Como quem na morte se completa.



Canto de pássaros que gorjeiam
É tua voz, que ouço neste plano,
Numa espera infinita, idiota,
Como se só minha tu fosses;
E, nessa espera desesperada,
Vivo numa solitária jornada
E idealizo-te, não nego,
Como minha salvadora
E inspiração deste louco poeta.


Mas os meus versos só te enfeiam,
E prossigo amando-te mais a cada ano,
Como se não bastara a minha cota,
Aguardando-te, como se voltar um dia fosses;
E não percebo, nessa minha caminhada,
Que foras finalmente materializada,
E que em tudo a ti me apego,
E te piso e te como e te bebo, senhora,
E, por fim, unirei a ti minh’alma sempre inquieta.


                                                                  Bandeirantes, 31/07/2005
(BALLA, Cristiano J.,O Jardim de Dentro, pg. 108)

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